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Inclusão é chamar para dançar

Incluir, no sentido etimológico da palavra, tem a ver com “fazer figurar ou fazer parte de um certo grupo, uma certa categoria de pessoas”. Para mim incluir é muito mais do que permitir a ocupação de espaços. Inclusão tem a ver com compreensão, empatia e, sobretudo, adaptar-se às necessidades de quem precisa ser incluído.

Como mãe de criança com autismo eu ouço sempre falar em inclusão, mas vejo muito pouco na prática. A dificuldade de entender o que foge do padrão é uma construção social, que é reforçada com tratamentos de coitadismo. Pessoas com autismo não são inferiores. Adolescentes ou pré-adolescentes com autismo não devem ser tratados como bebês. Subestimar a capacidade que essas pessoas têm de compreender os contextos e as necessidades, colocando-os em uma situação capacitista, ignorando seus sentimentos e percepções é uma das formas mais cruéis não só de não incluir, mas de segregar.

A cada dia surge um novo perfil em rede social que retrata a rotina de uma pessoa com autismo. Em nome de likes e alcance, crianças, adultos e adolescentes com autismo são expostos a situações que parecem humor, mas que escondem uma forma de capacitismo tornando-os atrações apenas por eles manifestarem quem são, mesmo com todos os recortes que as redes permitem.

Meu filho não é especial. Meu filho precisa de suporte para atividades de rotina. Mas meu filho merece ter o mesmo tratamento dispensado a qualquer criança ou pré-adolescente na sua idade. Não é bonitinho. Não é engraçado. Ele é uma pessoa que quer ter amigos e ser feliz. Inclusão é chamar para dançar.

Foto: Andrey_Popov/shutterstock.com

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