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Defesa das mulheres deveria valer para todas, até para quem você não concorda 


Uma das dificuldades do movimentos identitários é tentar alcançar a população que está fora da bolha da militância. Já tratei sobre esse assunto aqui. 

Engana-se completamente quem acha que debater feminismo é exclusividade dos movimentos e partidos de esquerda. O feminismo é um ideal libertário, de defesa da autonomia e igualdade política e econômica entre homens e mulheres. Liberdade é a tônica. Dar condições para que mulheres possam competir de igual para igual com homens, inclusive a partir da lógica mercadológica capitalista. O liberalismo em princípio também defende que essa concorrência aconteça sem intervenções. E o conflito inicial é a ideia de que mulheres partem em condições de desigualdade, presas aos ideais conservadores de uma sociedade patriarcal e machista, que limita o poder de escolha e a autonomia. 

No Brasil essa pauta foi incorporada à esquerda. Mas a discussão feminista acontece em outros países sem necessariamente estar atrelada aos movimentos inspirados no marxismo. Isso acontece também na pauta LGBTQIA+. Nosso país, inclusive, sofre muita influência desses movimentos em defesa das liberdades individuais que acontecem nos Estados Unidos. E por lá nada tem a ver com esquerda. 

Historiar isso é importante para que as pessoas entendam que agredir mulheres, principalmente aquelas que ocupam cargos de destaque, por mera disputa ideológica, não é muito coerente com a pauta feminista. O direito à ampla defesa, respeitando o espaço conquistado por uma mulher e a legitimidade das instituições deveria ser a tônica daquelas que se colocam do lado feminino. 

Achincalhar alguém que está em posição já delicada, comemorar perda de título acadêmico de qualquer mulher que seja, mesmo que ela esteja no outro lado do espectro político, não me parece empático para a causa feminina. 

Sabemos o quanto a sociedade vem com força e agressividade quando a acusação é contra uma mulher. As notícias recentes mostram a desproporcionalidade de xingamentos e acusações envolvendo mulheres e me trazem à memória situações com homens em contextos parecidos que não tiveram a mesma violência. 

O feminismo precisa falar para todas. Incluir a indignação contra ofensas que agride todas as mulheres. Não só as que militam do meu lado. 

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