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Prazer, mãe atípica 

Prazer, sou mãe atípica. Eu nem sou especial ou escolhida por Deus. Vivencio a maternidade com as particularidades de uma mãe de uma criança com autismo. E o atípica é justamente porque acompanhamos essa forma “diferente” de desenvolvimento dos nossos filhos. 

Eu vi pouco meu filho dançar na festa das mães na escola. Eu nunca o ouvi contar com detalhes como foi o primeiro dia de aula. Ou mesmo nunca o vi sentar concentrado pra brincar de castelo de areia na praia enquanto eu apreciava o mar e recebia os raios de sol.

Mas eu vibrei com pequenas grandes conquistas. Com as primeiras palavrinhas tardias. Com a primeira ida sem traumas ao dentista. E o dentinho de leite arrancado e entregue nas minhas mãos. Com o sono da manhã até mais tarde. Com a pintura no desenho dentro da linha. E até com uma mentirinha contada com inocência.

Porque vivo em um tempo que parece mais demorado. Estou aqui vivenciando aspectos bem infantis do meu filho que já é quase pré-adolescente. É como se eu torcesse para que o tempo o deixasse ainda pequenino, pelo temor do que virá e pela incerteza do futuro. 

Mas nunca saberemos o que virá. Daí comemoro cada pequeno passo. Cada palavrinha nova aprendida. Cada autonomia adquirida. Mesmo que fora de tempo. Mesmo que fora do escopo do processo neurotípico de desenvolvimento. 

Prazer, sou mãe. Posso não ser igual a nenhuma outra e posso me parecer muito com qualquer outra mãe por aí.

Comentários

  1. Obrigada por compartilhar algo tão pessoal. Esse é o sentimento de muitas mães atípicas e seu texto consegue ajudar a reconhecer essas emoções.

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